Alunos de Enfermagem da FAI desenvolvem Projeto Saúde em LIBRAS em Unidades Saúde do Território de Irecê

Muita gente pensa que o domínio da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é responsabilidade exclusiva de educadores, familiares de pessoas surdas ou tradutores e intérpretes. Poucos profissionais de outras áreas se interessam em aprender essa linguagem tão especial e tão importante para o exercício da diversidade na educação formal.

Ao longo da história, o processo de educação de surdos foi tratada de maneira equivocada. De acordo com os pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) do Rio de Janeiro, Marcos Torres de Souza e Renato Porrozzi, "a Língua de Sinais foi, durante muito tempo, deixada em segundo plano dada a preocupação de pais e professores de surdos em ensiná-los a falar. Somente nos fins da década de 1950, é que a Língua de Sinais passou a ser valorizada e novamente pôde ser encarada de forma especial".

Em outras palavras o estudo da língua de sinais é recente e ainda permanece como um desafio para Instituições de Educação e saúde mundo afora. No entanto, nos últimos tempos, movimentos de surdos vem galgando novos espaços e, cada vez mais, a pauta da educação e da língua de sinais avança à novos campos e áreas  na sociedade brasileira.

Para Souza e Porrozzi esse movimento recentemente conseguiu várias vitórias e isso permitiu que a questão da educação de surdos adentrasse nas pautas das Instiuições de Ensino Superior e Básico. "Um marco significativo que demonstra o avanço das conquistas dos movimentos dos surdos está claramente mencionado no Decreto Lei nº 5.626, de 22 de Dezembro de 2005, que regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, dispondo sobre a Língua Brasileira de Sinais Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, reconhecendo a Libras como idioma das comunidades surdas do Brasil", relembram os professores.

Sem dúvidas essas conquistas traduzem-se em ações que permitem aos surdos maior acesso aos meios de se produzir e assimilar novos conhecimentos. Ao lutar por consolidar e popularizar  a sua língua de sinais, os surdos lutam por poder sistematizar de maneira mais efetiva seus conhecimentos e, mais do que isso, por poder tranmiti-los (comunicá-los) de maneira mais fluida ao conjunto da Sociedade.

Pensando nisso, a FAI, através da Coordenação do seu Curso de Enfermagem, tem estimulado o desenvolvimento de ações que insiram o trabalho com a Libras em suas disciplinas e currículos. É nesse âmbito que os estudantes do curso de Enfermagem da Faculdade desenvolvem o Projeto Saúde em Libras: um Projeto através do qual alunos do terceiro semestre de Enfermagem visitam as Unidades de Saúde da região e promovem, a partir da discussão da Libras, um debate sobre inclusão na área da saúde.

Mais do que estimular um assistencialismo frio, o Projeto, que já visitou Unidades de Saúde em  Irecê, UIbaí, Canarana e Morro do Chapéu,  promove uma momento de interação e participação social, onde a comunidade se aproxima da Faculdade para debater assuntos relevantes e pertinentes à vida de todos . Coordenado pela professora especialista em Libras, Iza Rocha, o projeto Saúde em Libras continuará lembrando que as diversas profissões devem perceber os surdos como cidadãos, que também tem direitos de acesso sobre os benefícios que a sociedade produz.

Dessa forma, principalmente no que diz respeito ao atendimento em Saúde, poder-se-á construir um atendimento mais humano e digno ao surdos, que não só serão compreendidos por profissionais de saúde mais preparados, mas poderão, eles mesmos atender outras camadas sociais carentes…